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ABORTAMENTO ESPONTÂNEO: VIVÊNCIA E SIGNIFICADO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR

Tipo de Trabalho 

Artigo

A perda de um bebê está associada a um vasto leque de sentimentos e emoções que vão “assombrar” a mulher a longo prazo. Sabe-se que ser mãe é um acontecimento e uma função muito valorizada em nossa sociedade, com significações importantes como a capacidade de fecundar e conceber. Entende-se que ter um filho é considerado em cada civilização de um modo diferente; ser mãe pode ser visto como uma experiência perigosa, dolorosa, interessante, satisfatória ou importante, numa determinada mulher, numa determinada civilização. a forma de vivenciar a maternidade está associada às características individuais e à cultura de cada mulher.  A gestação é entendida, desse modo, como uma fase de transformação permeada por diversos fatores biológicos, sociais e psicológicos. À medida que a mulher se reorganiza frente a essas mudanças, sua identidade, relações interpessoais e visão de si também são reformuladas. O presente estudo traz um relato de caso de uma paciente internada na Maternidade de um hospital geral devido a um processo de aborto espontâneo. Esse estudo foi realizado na maternidade de um hospital público no interior do estado de Minas Gerais. Os aspectos emocionais desencadeados pelo abortamento são inúmeros. As diversas reações à perda da uma gravidez podem ser influenciadas pelo grau de investimento na gravidez e pela ligação (vinculação) que a mãe sente pelo feto. Ao contrário do que se possa pensar, as reações à perda não são necessariamente influenciadas pelo tempo de gestação Estes autores diferenciam à vinculação e investimento. Sendo que, a vinculação está relacionada com os sentimentos desenvolvidos pelo bebê, enquanto o investimento na gravidez está associado a um processo mais ativo de envolvimento com o feto. A morte de um feto está associada também à perda de um projeto de vida. Além disso, o fato de a gestação ser frequentemente vivida como um momento de plenitude pode aumentar os riscos para efeitos traumáticos quando da ocorrência da perda. Conclui-se, com o trabalho, que o papel da intervenção psicológica foi de oferecer suporte emocional, analisando o sofrimento diante da perda e legitimando um espaço para falar sobre essa experiência e com isso, iniciar o processo de elaboração desse luto.